Biblicamente falando, quando o governo de Israel deixou de ser teocrático Saul e Davi foram os primeiros a usufruir das benesses da monarquia. Ambos gozaram dos privilégios de um rei, porém quanto à personalidade havia uma diferença diametral: Saul, vaidoso, soberbo, desobediente; e Davi, “um homem segundo o coração de Deus”.

Mas quando a figura deste herói da fé é historiada na bíblia provavelmente vem à sua mente duas situações que é muito comum ouvirmos em pregação. A primeira, sua épica luta contra o gigante Golias. A segunda, um contrataste com o reinado de Saul, seu antecessor. Porém o meu objetivo é asseverar com evidências a disparidade da conduta destes monarcas em relação ao poder. E como ênfase, nada melhor do que evocar a célebre oração registrada no salmo 51, em especial, o versículo 11 “não me lances fora da tua presença e não retires de mim o teu Espírito Santo” (Salmo 51:11) pois quero dar um sentido tensionado neste versículo em relação aos privilégios de um rei, para que da próxima vez, você, amado irmão, ao ler esta passagem, possa incrementar essa interpretação.

Antes de adentrar na história destes homens enfatizarei alguns privilégios de um rei de Israel e nada melhor do que iniciar com os privilégios espirituais:

Em primeiro lugar, um rei era escolhido pelo próprio Deus. Saul, jovem, bonito, alto, filho de Quis (família militar), porém um homem humilde é pejoso. Teve uma mudança radical na sua vida (1Sm15:17). Da menor de todas as famílias da tribo de Benjamim para ser “rei” de Israel. De procurador de jumenta para “rei” de Israel. Do anonimato para ser revelado e jubilado perante o povo como rei (1Sm10:22-24). De um homem espiritualmente morto que não conhecia nem o profeta Samuel onde a Palavra do Senhor era de muita valia naqueles dias (1Sm3:1) para se tornar um “novo Saul” .

Em segundo lugar, o Espirito de Deus se apoderava deste rei. O vidente (profeta) Samuel ungiu Saul como “rei” (capitão) e após isso, trabalha no coração de Saul revelando as coisas que iriam acontecer, para que desta forma, Saul acreditasse (crer) nas suas palavras. E após acontecer conforme as palavras do Vidente, o Espírito do Senhor se apossa de Saul, e ele começa a profetizar, e se torna um novo homem (1Sm10:6), “está também Saul entre os profetas”. (1Sm10:12). O “velho Saul” passa agora ser um “novo Saul”.

Em terceiro lugar, um rei era direcionado (instruído) por Deus para as batalhas. Após Naás, amonita sitiar a Jabes-Gileade. O Espirito de Deus direciona Saul para reunir o exército e guerrear contra os amonitas. O número de guerreiros foi de 330 mil. Neste episódio, podemos perceber nitidamente a direção de Deus conduzindo Saul para pelejar contra os amonitas. (1Sm 11).

Em quarto lugar, os inimigos do rei sempre eram derrotados. Ter vitória e ser colocar ao lado do Deus vitorioso, Jesus Cristo. Saul conduzido pelo Espirito de Deus obteve vitória sobre os amonitas. Saul reinou sobre Israel 42 anos e obteve “muitas vitórias”. Aquele que está em Cristo é mais do que vencedor (Rm8:37).

Em quinto lugar, um rei tinha muita riqueza. Devido a lutas de classe, as pessoas gastam tempo, energia e saúde para acumular riquezas. Infelizmente alguns roubam, furtam, mata; e outros, traem, metem e estão dispostos a tudo, inclusive, pisar no próximo para obter vantagem. Todavia, o Deus de Israel que elegeu Saul é o dono do ouro e da prata. Ele é digno de toda riqueza. Ele dá para quem quiser. Ele deu riquezas para Saul, muitas riquezas. Em tempos de crise e de muita fome, Isaque prosperou profusamente aponto de os filisteus o invejarem (Gn26: 12-14). Por amor de José, a casa de Potifar prosperava financeiramente (Gn 39:5). Amados irmãos, não gostaria de citar Davi atinente a estes privilégios, porém, vou abrir uma exceção e destacarei em letras maiúsculas para que você tire suas próprias conclusões. Veja o que disse o SENHOR ao reprender Davi: “Eu te ungi rei sobre Israel e eu te livrei das mãos de Saul; e te dei a casa de teu senhor e as mulheres de teu senhor em teu seio e também te dei a casa de Israel e de Judá; e SE ISTO É POUCO, MAIS TE ACRESCENTARIA TAIS E TAIS COISAS (2Sm12:8)”.

Em sexto lugar, um rei tinha muita fama. E óbvio que quem assumisse o trono de Israel a fama seria uma consequência “então, jubilou todo o povo, e disseram: Viva o rei! (1Sm10:24)”.

Em sétimo lugar, um rei tinha muitas mulheres. Ao assumir o trono de Israel que proporcionava poder, riquezas e fama. Saul era jovem (30 anos), alto, bonito e certamente um homem com essas qualidades atrairia a mulherada. Saul tinha varias concubinas, portanto tinha as mulheres mais belas na sua cama.

Em oitavo lugar, um rei tinha muitos funcionários para lhe servir. Este será o costume do rei que houver de reinar sobre vós: ele tomará os vossos filhos e os empregará para os seus carros e para seus cavaleiros, para que corram adiante dos seus carros; e para que lavrem a sua lavoura, e seguem a sua sega, e faça as suas armas de guerra e os petrechos de seus carros. Ele tomará as vossas filhas para perfumistas, cozinheiras e padeiras. Também os vossos criados, e as vossas criadas, e os vossos melhores jovens, e os vossos jumentos tomará e os empregará no seu trabalho. Dizimará o vosso rebanho, e vós lhe servireis de criados (1Sm8: 11-17).

Em nono lugar, um rei era amado pelo seu. Apesar de ter constituído a seus filhos por juízes de Israel, o profeta Samuel foi o último Juiz. Pois os anciões de Israel rejeitaram os filhos de Samuel como juízes, pois estes eram inclinados à avareza e pervertiam o juízo. Assim o governo de Israel passou por uma transição: do governo teocrático para a monarquia. Pois o povo inspirado em outras nações disse a Samuel para constituir um rei sobre Israel e que este jugasse o povo (1Sm8:1-5). Israel estava “sedento” para demostrar “amor” por um Rei.

Depois desses nove pontos, agora vem a minha mente o famigerado versículo “Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Mc 8:36”, acho que para esses reis esse versículos não serviria. Eles poderiam ter as duas coisas: o DONO do ouro e da prata e a prata e o ouro. Esses reis além de “ganhar o mundo inteiro” eles tinha vida com Deus. O Espirito de Deus estava sobre eles. Eram homens escolhidos por Deus. Eram homens que serviam o Deus verdadeiro, ao contrário de outros reis que serviam falsos deuses. Eram homens ungidos por Deus para liderar seu povo eleito. Homens que liderava um povo que a Palavra de Deus foi lhe confiada (Rm 3:2). Resumindo, esses reis tinham tudo o que uma pessoa gostaria de ter: bênçãos espirituais e matérias. Estes são os privilégios de um rei de Israel, caso permanecesse em obediência ao Senhor.

Diante dos fatos expostos, farei um nexo com titulo do texto. Para isso, convido você, amado irmão, a presumir que Davi tenha em mente todos estes privilégios citados acima. Davi viu toda a glória e o poder do reinado de Saul. Davi viu a fama de Saul e o quanto este era honrado. Davi participou das conquistas e vitória do Rei Saul. Davi viu o quanto à monarquia se beneficiava de status, título, fama, prestígio, riquezas, mulheres, servos e muito mais outras coisas.

Mas, como nem tudo são flores, Davi viu gradativamente a ruina e a morte do “rei” Saul como consequência do seu pecado contra o Deus que o elegeu Rei de Israel. Davi viu o finamento dos dois filhos de Saul; Jônatas seu amigo e Isbosete.

Esse mesmo Davi que se tornará rei de Israel, suplente de Saul e que presenciou toda a ruína do seu reinado, anos mais tarde, está na mesma berlinda. Davi peca contra Deus.

Este fato motivou-me a descerrar sobre o pós-pecado de Davi. Vamos conjecturar que Davi estivesse rememorando o fim horrendo e trágico de Saul. Porém, Davi é enfático “não me lances fora da tua presença e não retires de mim o teu Espírito Santo” (Salmo 51:11). Este versículo mostra que a boca fala o que está cheio o coração (Mt12:34b). Davi não se preocupou em perder riquezas. Davi não se preocupou em perder sua fama. Davi não se preocupou em perder seu status de Rei. Davi não se preocupou com a sua transição de Rei para ser novamente um pastor de ovelha. Davi não se preocupou em perder sua honra perante o povo. Davi não se apegou as riquezas, a luxuria, a fama, a vaidade e a honra. Ao contrario de Saul que disse a Samuel: Pequei; honra-me, porém, agora diante dos anciãos do meu povo e diante de Israel (1Sm15:30). O tesouro de Davi não estava no trono de Israel, nas riquezas, na fama, nas posses, nos privilégios terrenos de um rei. E Como a bíblia diz: “Onde está o vosso tesouro estará o vosso coração (Mt6:21)”. O maior tesouro de Davi era o Espirito de Deus. O maior tesouro de Davi é está na presença do Senhor. Para Davi o maior privilégio era ter o Espirito de Deus sobre sua vida e ter comunhão com Deus. Davi virou a sombra de um “homem segundo o coração de Deus”, pois num futuro distante Jesus Cristo seria este homem segundo o coração de Deus.

E muito comum no nosso dia-a-dia ao evangelizarmos uma pessoa que tem status na sociedade, que tem fama, prestígio, renome, sucesso e riquezas; dizemos: “só falta Jesus na vida desta pessoa” como se Jesus fosse a cereja do bolo (Paul Washer), a ultima “peça” para enfeitar a vida do homem. Amados irmãos, aprendemos com Davi: quem tem Deus tem tudo e quem não tem nada tem.

A graça, paz, bondade é a misericórdia seja sobre sua vida amigo leitor.

William Estevão

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